Profa.
Maria Celeste Morita, da Abeno:
“Devemos, sim, continuar ensinando o
uso do amálgama dental nas IESs”
A profa. Maria Celeste Morita (UEL), presidente da
Associação Brasileira de Ensino Odontológico (Abeno), em
face da polêmica em torno do amálgama no tratamento dental,
esclarece que as Instituições de Ensino Superior (IESs)
brasileiras não devem suspender o ensino a seus alunos sobre
o uso e a aplicação desse material.
“Pudemos observar em nosso estudo sobre o uso de
instrumentais para a formação em Odontologia que algumas
instituições aboliram o ensino de restaurações de amálgama,
formando profissionais que não estão aptos a fazer o uso
desse material”, declara a presidente da Abeno, que
acrescenta: “O amálgama é bastante utilizado nos serviços
públicos odontológicos e a sintonia da formação em
Odontologia com o Sistema de Saúde do país é mandatória
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais”.
Ela apoia a posição tomada no XXI Encontro do Grupo
Brasileiro de Professores de Dentística (GBPD), realizado em
janeiro deste ano, e no Seminário que aconteceu na USP em
2014, que analisam tanto os efeitos do mercúrio para
pacientes e profissionais, como para o meio ambiente. Em
ambos, o tema foi debatido em profundidade, abordando a
relação ensino x amálgama.
O relato dos participantes do GBPD ressaltaram a Convenção
de Minamata, assinado em 2013 por 140 países e que
estabelece a eliminação gradual do mercúrio, sem, no
entanto, proibir as restaurações de amálgama no mundo. A
International Association for Dental Research (IADR), a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Federação Dentária
Internacional (FDI) sugerem maior atenção à prevenção e
promoção da saúde dental, aumento da investigação e
desenvolvimento de materiais alternativos e melhores
técnicas de gestão de resíduos de amálgama.
“Temos que difundir os resultados desse debate, pois
interessa sobretudo ao ensino odontológico”, diz a
presidente da Abeno, que destaca: “Há muita demanda para as
restaurações de amálgama e, com os cuidados adequados não
ocorrem efeitos adversos à saúde, sendo que a técnica de
restauração do amálgama auxilia no desenvolvimento de
habilidades necessárias à prática odontológica, tanto que,
colocada em votação na Reunião do GBPD, extraiu-se por
unanimidade a recomendação de manter o ensino do amálgama
nas universidades brasileiras”.
Participaram do XXI Encontro do GBPD os professores Katia
Regina HC Dias (FO-UFRJ) e Sérgio Roberto Vieira (PUC-PR),
sendo ativadora a profa. Maria Fidela Navarro.
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