Avança projeto de instrumentais
da Abeno para os cursos de
odontologia no Brasil

Reunião do Grupo de Coordenadores, em São Paulo

O Projeto Odontologia Essencial - Materiais e Instrumentos para Acadêmicos, lançado pela Abeno e com o apoio da Cremer, está na fase de levantamento da pesquisa, sendo feita em todo o Brasil, e da definição dos consultores ad hoc que irão avaliar, via internet nas Instituições de Ensino Superior (IES), uma lista de instrumentais  a ser amplamente validada pelos professores de odontologia do país.

Parte do processo de viabilização do programa foi realizada em São Paulo  na Reunião do Grupo de Coordenadores, integrada por professores e gestores das IES e a presidente da Abeno Maria Celeste Morita. O  coordenador do projeto, prof. Cláudio José Amante (Universidade Federal de Santa Catarina) apresentou balanço detalhado dos trabalhos feitos até agora, inclusive das listas de materiais e de instrumentos elaboradas pelo programa,  que serão encaminhadas para a avaliação dos pareceristas de notório saber nas especialidades de anatomia, materiais dentários, oclusão, dentística, endodontia, periodontia, prótese, implantodontia, cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, odontopediatria, ortodontia, radiologia e patologia bucal.

Cada cirurgião-dentista membro da equipe técnica presente na reunião realizou uma análise individual da lista estruturada e relacionada com a lista de sua IES.

Método Delphi - O próximo passo do projeto, em ambiente virtual, será realizar pesquisa aberta pelo Método Delphi, com docentes dos diversos cursos de odontologia associados à Abeno, para aferição da lista avaliada pelos consultores ad hoc. O projeto caminha dentro de seu cronograma e deverá estar completado e apresentado na 50ª Reunião da Abeno, a realizar-se em Salvador (BA),  em agosto do próximo ano.

Na reunião, a presidente da Abeno ressaltou a parceria com a Cremer, que tornou possível iniciar a organização desse mercado. Em paralelo, a Abeno colaborou  para que as Instituições de Ensino Públicas e Privadas  se beneficiassem do edital lançado pelo Governo para recursos a clínicas de cursos de Odonto que atenderão pacientes do SUS, o GraduaCEO.

Destacou também o principal objetivo do Projeto Odontologia Essencial – Instrumentais para Acadêmicos, que está contando com a colaboração de 100 pessoas em todo o Brasil e cujo objetivo é reduzir os custos para os acadêmicos de Odontologia.

Processo transparente - “É um processo de transparência, sem vantagens e auditável em todas as suas etapas, para garantir a redução do custo final ao estudante, evitando desperdícios”, ressaltou a presidente da Abeno.

“ Esse Grupo de Coordenadores estará à frente de todo o trabalho, que na realidade é uma política de inclusão social que prioriza o acesso e permanência do estudante na universidade, em consonância com as Diretrizes Curriculares e os programas de inclusão social, facilitando sua formação e a prática odontológica”, enfatizou.

Grupo Coordenador – Além do coordenador prof. Cláudio José Amante, integram o grupo de trabalho os professores Gersinei Carlos de Freitas (FO-UFG), Armando Hayassy (FSJ-RJ ), Alessandra Nogueira Porto (Unic-MT), José Thadeu Pinheiro (UFPE), Luiz Carlos Machado Miguel (Universidade da Região de Joinville-SC), Elisa Tanaka, (UEL-PR), Carlos Alberto Hyppolito (Cremer), Luiz Carlos Machado Miguel (Univille-SC) e Fabiano Sulig Paulokum (UFSC).


Brasil é o país que tem o maior número
de especialistas em Odonto do mundo

Em 2010, a região sudeste brasileira detinha 56% dos cirurgiões-dentistas  especialistas, ou seja, 30.233 profissionais. Em 2013, esse número salta para 87.706 dentistas especializados. O Brasil é o país com o maior número de especialidades na Odontologia – 19 delas,  e também o com maior número de especialistas, enquanto na Europa há apenas duas especialidades que são reconhecidas pela maioria dos países – ortodontia e cirurgia - e  nos Estados Unidos e Canadá  são nove especialidades.

Estes dados fizeram parte da apresentação da profa. Maria Celeste Morita, presidente da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (Abeno), durante a III Assembleia de Especialidades

Odontológicas (Aneo), que aconteceu em outubro na APCD Central, promovida pelo CRO-SP.
A Aneo aprovou, em caráter consultivo, as  especialidades de homeopatia, acupuntura e  odontologia desportiva, que agora passarão pela etapa de deliberação do Conselho Federal de Odontologia para se tornarem especialidades odontológicas de fato. Também estão em estudo pelo CFO a habilitação para a odontologia hospitalar, odontologia antroposófica e a ozonioterapia, além da mudança de nomes de duas especialidades: dentística, para dentística estética e restauradora; saúde coletiva e da família, para saúde coletiva e a unificação da ortodontia e ortopedia funcional.

Na palestra Odontologia Áreas e Abrangência de suas Especialidades, a presidente da Abeno abordou as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) destacando que de acordo com o Art. 4 das Diretrizes, o cirurgião-dentista deve ser capaz de pensar criticamente, tomar decisões, ser líder, atuar em equipes multiprofissionais, planejar estrategicamente para contínuas mudanças, administrar e gerenciar serviços de saúde e aprender permanentemente. “Aprender permanentemente significa ter o hábito de pesquisar na literatura frente a cada dúvida surgida durante o trabalho e não necessariamente recorrer a um curso de especialização", ressaltou.

Ao analisar a questão da especialidade, Morita defendeu que o objetivo da formação em odontologia é educar cirurgiões-dentistas capazes de promover, manter e restaurar  a saúde, respondendo às necessidades da população e que a pós-graduação ou a especialização “só é possível sobre uma sólida base da graduação”.

“É um equívoco pensar que cursos de especialização são indutores diretos de qualidade da assistência para ser um bom profissional, seja generalista ou especialista a graduação é pilar estruturante”, enfatizou Celeste Morita

E apontou ausência de critérios para definir a necessidade de especialidade e que a abertura de cursos de pós-graduação lato e stricto sensu   atualmente atende apenas  à intencionalidade dos formadores. “O que não deveria acontecer, enfatizou, deveria haver critérios que levassem em conta, além da qualidade, a necessidade da população.” Seria preciso – disse - analisar dados epidemiológicos, destacando que, empiricamente, há desequilíbrios: “ Concentração de cursos e oportunidade de especialização em determinadas regiões do país, falta de determinados especialistas, dificuldade de fixação de profissionais em determinadas áreas. É urgente criarmos parâmetros de avaliação dos cursos de lato sensu, seja para a abertura deles, condições de funcionamento ou criação de especialidades. O sistema atual leva à superespecialização e agrava os desequilíbrios existentes”.

O que deve modular a criação da especialização?

A profa. Maria Celeste Morita questionou o que deve balizar a criação de novos cursos de especialização e especialidades na Odontologia: “ Mudanças no conhecimento científico, avanços no diagnóstico, risco e tratamento de doenças, mudanças no perfil epidemiológico das doenças, mudanças no perfil demográfico da população e dos profissionais e  mudanças no mercado de trabalho.”

Encerrou sua palestra falando dos benefícios e desafios da especialização:

“Como benefícios, ressalto a incorporação de novas tecnologias e a eventual possibilidade de o atendimento especializado  aumentar a resolubilidade da atenção. Já como desafios, temos a perda da capacidade de lidar com o todo; o aumento da incorporação da tecnologia, nem sempre necessária; a redução do conhecimento disponível para o clínico geral e a restrição do mercado de trabalho”. Finalizou sua apresentação deixando para reflexão conteúdo extraído da Conferência Mundial sobre Ensino Superior, Unesco, Paris, 1998, sobre como deve ser o Profissional Universitário do Século XXI:

" Preparar-se para estudar durante toda a vida - Ser flexível, não se especializar demais - Investir na criatividade, não só no conhecimento - Aprender a lidar com incertezas, o mundo está assim - Ter habilidades sociais e capacidade de expressão - Saber trabalhar em grupo - Estar pronto pra assumir responsabilidades - Ser empreendedor - Entender as diferenças culturais - Adquirir intimidade com novas tecnologias, como a Internet."


Comissão de Ensino Abeno/CRO-SP
discute competências atitudinais

Com a proposta de desenvolver  avaliação para observar a capacitação dos alunos nas competências atitudinais para a Odontologia, a Comissão de Ensino Abeno-CRO-SP  promoveu encontro com a pedagoga Maria Inês Fini, que acompanha o curso da São Leopoldo Mandic.

O que se pretende é contribuir  para que as Instituições de Ensino Superior tenham condições de verificar se estão cumprindo esse papel e até propor maneiras para corrigir

os eventuais erros cometidos.

Novo encontro está marcado, em reunião virtual, para a discussão desse instrumento de avaliação e o projeto de construção de competências atitudinais, coleta e entrega de dados.

Participaram da reunião de trabalho, além da pedagoga, Rui Brito, também da Mandic,  Sílvio Myiaki, do CRO-SP, Maine Skelton, da USP, Ana Estela Haddad, da FOUSP e a presidente da Abeno, Maria Celeste Morita.

A Associação Brasileira de Ensino Odontológico foi fundada em 1956 e congrega representantes das instituições de ensino odontológico no Brasil. Consolidou-se como espaço privilegiado de debate de políticas no setor, permitindo o encontro de lideranças, formuladores de políticas, diretores de faculdades, coordenadores de curso, professores e alunos de graduação e pós-graduação preocupados com a educação do cirurgião-dentista. www.abeno.org.br